A BOCA DO LIXO

A BOCA DO LIXO

Boca do Lixo em SP


cartaz de filme
Boca do Lixo foi o nome dado à uma região da cidade de São Paulo que se tornou polo cinematográfico nos décadas de 1920 e 1930, quando algumas empresas como a Paramount, a Fox e a Metro, se instalaram na região. Durante as décadas seguintes, essas companhias atraíram distribuidoras, fábricas de equipamentos especializados, serviços de manutenção técnica e outras empresas do ramo cinematográfico para as redondezas, o que transformou a Boca em um verdadeiro reduto do cinema independente brasileiro,
desvinculado dos incentivos governamentais. Durante aqueles anos, era comum ver homens guiando carroças carregadas de latas de filmes pelas vias públicas.

A Boca está localizada no bairro da Luz, em um quadrilátero que inclui a Rua do Triumpho e sua adjacências. Nos anos 90, parte dessa área veio a ser chamada de Cracolândia (o que explicarei à vocês melhor mais para baixo) e se tornou uma das regiões mais degradadas da cidade de São Paulo. Algumas fontes citam a região como sendo o fim da Rua Augusta.

Muitos cineastas como Carlos Reichenbach, Luis Castelini, Alfredo Sternheim, Juan Bajon, Cláudio Cunha ou Walter Hugo Khori, tinham clara proposta autoral em seus filmes, mas a produção da Boca ficou mesmo caracterizada pelos filmes baratos e que tinham forte apelo sexual. Ela se floresceu e se expandiu na pornochanchada dos anos 70, com mulheres que se tornariam musas, como por exemplo Helena Ramos, Sandra Bréa, Vanessa Alves, Patrícia Scalvi, Nicole Puzzi, Zilda Mayo entre outras.

Comédias, dramas, policiais, faroestes, filmes de ação, de kung fu e até de terror, entre outros, foram gêneros explorados pelo cinema da Boca, sem deixar de lado o uso restrito do erotismo. Produtores como Antônio Polo Galante, David Cardoso, Nelson Teixeira Mendes, Juan Bajon, Claúdio Cunha, Aníbal Massaini Neto, entre outros, ficaram milionários com esse tipo de cinema.

Se bem que muitos diretores e atores questionam esse lado pornô, alguns até dizem que a maioria dos filmes não tinham nada de pornô e nem de chanchada. Alegam que jornalistas influenciados por norte-americanos, colocaram esse termo na mídia, para depreciar o cinema que era feito na Boca do Lixo, com objetivo de fazer os filmes norte-americanos ganharem espaço maior do que os nacionais. Pois teve uma época que os filmes da Boca do Lixo estavam em alta e conseguia consideráveis bilheterias, deixando os filmes norte-americanos em segundo plano.

Desses que tiveram sucesso de bilheteria, podemos destacar dois em especial: A Viúva Virgem, de Rovai, e Giselle, de Victor de Mello. Em raríssimas exceções esses filmes eram sucesso entre a crítica, que obviamente preferia filmes mais voltados à questão social do país, de diretores surgidos do Cinema Novo e nos anos 70 integrados à Embrafilme, que produzia filmes com incentivo estatal.

Com o fim da ditadura militar no Brasil, os filmes de sexo explícito voltaram a circular, o que de certa forma, acabou matando essa indústria cinematográfica.


MAIS AFINAL, AINDA EXISTE??

foto mais atual do local

Não, o que foi conhecido como Quadrilátero do Pecado, só existe o lugar, mais não o tipo de pessoas que ali circulavam. Ganhou esse apelido, pois fora no passado conhecido como o metro quadrado que continha a maior concentração de prostitutas e bandidos de todas as espécies da cidade de São Paulo.
Para alguns jornalistas, aquele lugar que tinha um certo glamour, com histórias fascinantes de uma marginália romântica, hoje a região perdeu esse estranho encanto.

No bairro de Campos Elíseos, pomposos nomes de ruas como Triunfo, Aurora e Vitória, não refletem mais toda essa força e sim, são lugares hoje e visível estado de depreciação.

No plano diretor da cidade  de São Paulo, esse local tem potencial para as pessoas que conduzem o plano, mais precisam que sejam feitas obras que dê ao local maior infra-estrutura para incentivar a moradia e de certa forma oxigenar o seu tradicional comércio.

Mesmo assim, prostitutas e travestis, ainda fazem ponto no local, difícil até acreditar que essa região um dia teria sido um polo cinematográfico e que mostra de certa forma, um capítulo mágico do cinema nacional.

Apesar das ricas lembranças, fica enroscado na garganta de todos aqueles que viveram o cinema da Boca do Lixo, o desprezo de pessoas que passaram por lá e agora negam a sua origem: "Muita gente que está hoje na Vila Madalena (novo reduto do cinema paulista) discrimina o pessoal da Boca. Mas eles se esquecem que muitos começaram ou passaram por aqui. Lamenta Índio, ator e produtor de efeitos visuais. Nomes como Tarcício Meira, uma famosa apresentadora infantil da Globo, Vera Fischer, Walter Salles, Carlos Reichenbach, Nuno Leal Maia, Antônio Fagundes, Sônia Braga entre outros passaram pela Boca.

Ïndio

Mojica, o famoso Zé do Caixão disse que o primeiro produtor a se instalar na Boca, fora Oswaldo Massani, com a Cineidistri Ltda, em 1949. Essa empresa foi responsável por grande parte da produção dos filmes na Boca e a única brasileira que ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes, pelo filme O Pagador de Promessas de Anselmo Duarte. O cartaz do filme, podemos ver abaixo:

Cartaz do filme O Pagador de Promessas

Obs: Para mim que vos escrevo, o melhor filme nacional já feito até hoje. Esse filme é simplesmente maravilhoso, com uma história intrigante que te prende até o último minuto do filme.

Mojica ainda relata no site que colhi algumas informações para compor esse post de hoje, que ele teria sido o primeiro a produzir no Brasil, um filme de zoofilia. Além disso foi o responsável por ter feito também um filme polêmico chamado: 24 Horas de Sexo Ardente (1985) que fez tanto sucesso que ficou um ano em cartaz.

Conta também que foram lá que iniciou-se no Brasil o famoso "Teste do Sofá", Mojica relata que tinha mãe que levava a filha virgem, para conseguir um papel nos filmes eróticos. Mojica montou um escritório na Boca em 1966 e saiu da região no início dos anos 90, quando o ex-presidente Fernando Collor, acabou indiretamente com a Boca do Lixo ao diminuir drasticamente as verbas de incentivo ao cinema nacional.

Agora um ponto interessante precisamos levantar. Já vi em outras entrevistas o Zé dizer que se tinha uma coisa que ele se arrependia na vida, era de ter dirigido esses filmes pornográficos e em especial esses dois citados acima. O negócio dele sempre foi terror. Ele teve que se sujeitar à isso, para pagar alguns dívidas e ter condições de tocar seus projetos do mundo do terror, mais não que ele gostasse ou se sentisse bem fazendo esse tipo de filme.

Inclusive parece que uma das atrizes que participou do elenco desse filme citado acima, morreu, porque todos os atores ficaram gravando as cenas de sexo, sem se alimentar, por horas, num local fechado, extremamente quente. Ou seja, totalmente bizarro.



PERSONAGENS

Abaixo alguns personagens famosos que vivenciaram a Boca do Lixo, através dos filmes. Atrizes que se tornariam musas nacionais, diretores, atores, etc.

Carlos Reichenbach (diretor)

Patrícia Scalvi (atriz) em filme de terror
David Cardoso (ator)

Nuno Leal Maia e Helena Ramos

Helena Ramos

Nicole Puzzi atualmente e foto da época
Nicole Puzzi atuando em Amor & Revolução do SBT

Matilde Mastrangi

Zilda Mayo mais uma das musas do cinema nacional

Zilda Mayo (hoje)

Zé do Caixão

Zé do Caixão (hoje)

ALGUNS CARTAZES DE FILMES PRODUZIDOS NA BOCA DO LIXO

talvez o maior de todos

Filme com Vera Fischer no elenco

outro filme
Iracema - A Virgem dos Lábios de Mel
esse fez muito sucesso também
Esse foi recorde de bilheteria

Filme com Vera Fischer
filme com Maitê Proença


CRACOLÂNDIA


A cracolândia ainda existe na região, mas em menos escala e menos explícita de acordo com depoimentos de policiais da região. A mídia teve papel fundamental para manter o assunto em foco e fez com que as autoridades se mexessem. Em 1999, o governo do estado de São Paulo investiu em pontos turísticos refinados para revitalizar a área, como a Estação Júlio Prestes e a Sala São Paulo - sede da Orquestra Sinfônica do Estado. Com isso, deram uma "limpada" na região de certa forma.

PROSTITUIÇÃO


Na escadaria do prédio baixo na rua dos Andradas é impossível contar o número de mulheres que ficam, uma em cada degrau, fazendo propostas indecorosas aos clientes, que por sua vez, só possuem o trabalho de escolher a garota. Bastam 10 reais para desfrutar da companhia de uma delas por 15 minutos em alguns cubículos separados por divisórias de escritório.

Todos são sujos e mal-iluminados. Nas paredes, pichações de batom. Essas centenas de mini-quartos compõem um único apartamento. Ao longo desses degraus e dessas escadas, encontram-se mulheres das mais diferentes idades, com curvas mais ou menos generosas. Em sua maioria, quando fazem o programa, metade do dinheiro fica com elas a outra metade com o dono da apartamento. Quando ela só consegue um programa no dia, o dinheiro fica com o dono do apartamento.

O circuito da prostituição da Boca do Lixo, assim como em todo o centro da cidade, é abastecido por uma rede de hotelecos e casas, das mais variadas combinações. Há mulheres que trabalham na rua e usam os quartos mediante à uma espécie de aluguel que não passa dos 10 reais por programa. Outras fazem acordos e ficam dia e noite tentando seduzir clientes em potencial, na porta do estabelecimento. Outras trabalham em casas, sob a supervisão de outras garotas de programas, que seriam uma espécie de gerente das demais. Não existe em via geral, controle violento contra elas. Em sua maioria, se a garota falta dois dias seguidos, é apenas substituída por outra que assumirá o seu lugar no ponto.

A competição existe entre garotas mais novas e prostitutas mais velhas. Algumas delas, passariam tranquilamente por papel de vovó e na verdade, muitas delas são avós de verdade. Competição que se torna um tanto injusta, devido ao fato das mais novas terem a preferência dos homens, enquanto as mais velhas ficam com as migalhas, ou seja, número de programas bem menores. 

Muitas tentaram sair da vida, mais como não possuem uma profissão, algumas são analfabetas, fica muito difícil ingressar no mercado de trabalho.

A Boca do Lixo nos tempos aúreos, aonde era comum cruzar com atores, diretores, possuia o lado da prostituição mais VIP, com lugares mais caros para se praticar o ato do sexo pago, hoje essa realidade é muito diferente, prédios velhos, abandonados, cortíços, construções precárias no que se diz respeito infraestrutura e limpeza. 

FILME

Cartaz do filme

Inspirado na autobiografia de Hiroto de Moraes Joanide (interpretado por Daniel de Oliveira), o filme é ambientalizado na Boca do Lizo, zona de prostituição em São Paulo durante os anos 1950 e 1960. Hiroto é um homem de família nobre que frequenta a região em busca de prazer, até que algo muda completamente em sua vida. Seu pai é assassinado e ele se torna o principal suspeito. Hiroto entra na vida do cirme e se muda para a Boca.

Os cineastas do vídeo abaixo, estão fazendo um filme documentário, Memórias da Boca, nesse curto vídeo, alguns deles, dão suas opiniões sobre a Boca do Lixo

https://www.youtube.com/watch?v=16CJDLSszmw 

Obs: Não recomendado para menores de 18 anos algumas cenas rápidas que aparecem no vídeo.



10 FILMES PRODUZIDOS NA BOCA

Abaixo um link de um blog que lista 10 filmes que fizeram sucesso, oriundos da Boca:

http://listasde10.blogspot.com.br/2010/03/10-filmes-da-boca-do-lixo.html 


http://reporterbrasil.org.br/2004/06/a-boca-do-lixo-ainda-respira/ 



DOCUMENTÁRIO


Outro documentário sobre a Boca:

Boca do Lixo a- A Bollywood Brasileira

Link:
https://www.youtube.com/watch?v=OzQ1-LCtTXs




REFERÊNCIAS





www.google.com
Wikipedia
You Tube
www.reporterbrasil.org.com.br
www.folha.com.br 















Comentários

Anônimo disse…
https://cinemapaulistadabocadolixo.blogspot.com.br/

Peter Aponte ( ator)

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