A HISTÓRIA DO CORPSE PAINT

A HISTÓRIA DO CORPSE PAINT (The History of Corpse Paint)

Os índios já se pintam à um bom tempo, mas existem registros de que a pintura no rosto, já era feita até mesmo antes da história escrita, por n motivos, sendo os mais comuns religiosos, cerimoniais ou militares. 
Quem assistiu ao filme, Coração Valente (Braveheart), deve lembrar de Mel Gibson com o rosto pintado, indo para a guerra defender a Escócia.

E como a história e a evolução dos homens, está totalmente ligada ao rock and roll, seja nas letras das composições, seja na atmosfera musical ou até mesmo no visual, não poderíamos pensar que um estilo musical passasse por tantos anos sem, uma grande evolução no que se diz respeito à imagem.

O corpse paint, é uma pintura facial que centenas de bandas usaram, usam ou ainda vão usar no futuro. Ela se trata de uma pintura, que em sua maioria, retrata aquela pessoa, como se fosse um cadávera, por isso o nome pintura de cadáver.

Muitos, acham, que o KISS foi a banda pioneira nisso, ao pintar o rosto e especialmente aqui no Brasil, existia até pouco tempo uma discussão e uma tese que era defendida por alguns, de que a banda Secos e Molhados, teria sido copiada pelo KISS, pois supostamente teria pintado o rosto antes dos mascárados norte-americanos.

Secos e Molhados

O fato é, lendo sobre o assunto, descobri que nem KISS, nem Secos e Molhados, fizeram uso dessa forma artística de destacar o rosto, pois antes deles, já tinha gente fazendo isso. Na verdade surgiu em meados 1963, o embrião, (primeiro passo) se deu com o disco Screamin' Jay Hawkins, mais conhecido pelo hit I Pull on Spell on You.

Jay Hawkins

Embora sabermos que ele não pintava o rosto, ele usava adornos e imagens voodoo que de certa forma influenciaram outros artistas, fazendo daquela imagem, uma visão mórbida para o rock and roll. Seu acólito Screaming Lord Sutch, fez nele próprio uma pintura facil bem irregular, em seu single Jack, o Estripador. Seria esse o segundo passo.

Lord Sutch

Mas eles não dividem esse mérito sozinho. O inglês Arthur Brown, no final dos anos 60, mas precisamente em 1968, fez uso de máscaras tribais e pintura facial em preto e branco. Talvez nesse terceiro passo sim, algo mais concreto. Parecido com o corpse que conhecemos hoje.

Arthur Brown

Seu sucesso direto nos anos 70, seria o até hoje, o shoker rocker Alice Cooper. Que baseou sua extensa carreira em muita teatralidade nos palcos, com temos envolvendo o horror e coisas afins. Em 1973 ele deu a cara do corpse paint ao mundo.

KISS

Não demorou muito em 1974, o KISS apareceu com suas máscaras, deixando dezenas de crianças apavoradas e até alguns adultos, com seu visual chocante, principalmente pela máscara de Gene Simmons, com certeza a mais voltada para o terror. Aliás no KISS, só Gene fazia referências ao horror, Paul Stanley, era o Starman, a Estrela principal, uma espécie de homenagem ao front man de uma banda.

Peter Criss (o baterista) possuía uma máscara de gato, pelo fato de ele ter escapado da morte algumas vezes, resolveu pintar-se como um gato que tem sete vidas e o meu predileto, que sempre foi apaixado por temas que envolviam o espaço e tudo relacionado à isso, Ace Frehley com seu tema espacial.

Alice Cooper

Mas quem pensa que o corpse paint se limitaria rock de Alice Cooper e o hard rock poderoso do KISS, se enganou. Podemos ver na história do rock, o surgimento do Misfists em 1977, como uma banda que usou e abusou do corpse paint. Fazendo sempre uma mistura do rock, com um estilo visual baseado nos filmes de horror científico (horror/scifi) dos anos 50, com seus 4 integrantes, cada um com uma caracterização muito interessante. Em alguns clipes, eles saem de caixões, algum visualmente bem original e que marcou época.

No metal apareceu King Diamond em 1983, como talvez o pioneiro à fazer uso da pintura. Muito parecida com a de Gene Simmons. Inclusive muitos até hoje, acham que o King imitou o Gene, o fato é que King Diamond é um artista extremamente respeitado no mundo da música pesada e principalmente, pelas bandas de black metal, que falarei em breve. E as suas pinturas variaram ao longo do tempo, fazendo muitos, que conhecem à cena, nem mais fazerem referência alguma dele, com Gene Simmons do KISS.
 

Se bem que em meados de 1970, com o Black Rose, King Diamond, já namorava com a arte visual, mas foi em 1982, já com o Mercyful Fate, que eles definitvamente ficou marcado pela pintura facial.

Celtic Frost

Hellhammer

O Celtic Frost foi outra banda que fez uso do corpse paint. Banda que pode ser considerada uma dos pilares do black metal. Helllhammer apareceu com a pintura em 1984.

Sarcofago

No Brasil, uma das bandas mais importantes à usar no metal, o corpse paint, foi o Sárcofago. Banda de Belo Horizonte, Minas Gerais, que teve sua atividade entre 1985 à 2000, tocando deah metal e black metal. Inclusive o álbum INRI de 1987, influenciou uma geração de bandas do gênero.
No final desse post, veremos um vídeo que mostra a evolução ao longo dos anos do corpse paint e orgulhosamente, temos a nossa representação brazuca, na figura da banda mineira Sarcofago.

Dead

Por falar em black metal, uma das figuras mais sombrias e mais conhecidas também da cena black metal, talvez tenha sido o vocalista da banda Mayhem (que surgiu com o corpse em 1988), chamado Dead. Dead tinha o costume de enterrar suas próprias roupas, para no dia seguinte, usá-las nas apresentações do Mayhem, segundo alguns, ele queria sentir o cheio da morte, em suas roupas, enquanto se apresentava. Alguns testemunhos da época, dizem que Dead era um cara introvertido. Muito quieto e de comportamento estranho. Ele também se auto-mutilava nos shows do Mayhem, algo até de não se espantar muito, para quem conhecia a história de G.G. Alin, mas o que viria à seguir, sim, era algo chocante.

Dead se matou depois de cortar seus pulsos, deu um tiro de espingarda em seu rosto. Quando Euronymous, seu colega de banda chegou e viu aquilo, ao invés de ir avisar a polícia, foi atrás de uma máquina fotográfica, tirou uma foto de Dead com o cérebro para fora do crânio e fez a capa do álbum do Mayhem essa imagem.

Não vejo ninguém mais do que esse cara, que tenha encarado a idéia do corpse paint, tão ao extremo.

Euronymous

Obviamente com a morte de Dead, Euronymous, passou à ser o cara, do visual corpse paint. mas não por muito tempo. Em briga com o vocalista do Burzum, Varg Vikernes, ele morreu assassinado com uma arma pontiaguda na cabeça.

Euronymous era dono de um selo que empresariava várias bandas, dentre eles o Burzum. E tinha uma loja que virou point dos black metallers.

Mas antes de continuar, para seguir na cronologia correta, preciso falar de uma banda que eu particularmente sou fã.
Em 1991, surgiu em Suffolk, na Inglaterra, uma banda que por muitos é até hoje considerada black metal e ela não é uma banda de black metal, o Cradle of Filth e foi justamente o corpse paint, que faz até hoje o Cradle, ser considerado black metal. Mas Dani Filth, seu vocalista já afirmou em diversas entrevistas que o Cradle é uma banda de heavy metal apenas. E que a teatralidade de seus shows, somado à temática vampírica e que se mistura à outros temas, nada tem haver com o black metal.

Corpse paint atual de Dani Filth

Aliás se tem um cara criativo em corpse paints, esse cara é Dani Filth. Praticamente à cada nova turnê do Cradle, ele vem com uma nova máscara, que de alguma forma, tem alguma relação com o tema que o Cradle vem mostrar naquela álbum espeífico da turnê.

Já os vi duas vezes aqui no Brasil e sou suspeito para falar, porque o Cradle of Filth, é definitivamente uma das minhas bandas prediletas.

Daria para fazer um post só falando das "máscaras" do Dani e do Cradle of Filth.

Voltando ao black metal norueguês essa segunda onda do black metal noruêgues, era tão forte que podíamos ver a imagem proeminente do Mayhem, em outras bandas e principalmente nos discos dessas bandas. Como por exemplo, uma das capas mais famosas da segunda onda do black metal, que é a capa do disco A Blaze In The Northern Sky do Darkthrone de 1992. Inclusive, aqui nesse mesmo blog, eu já recomendei um documentário que explica boa parte de tudo isso que estou contando sobre essas bandas de black metal. Vale apena conferir.

Outra banda que ganhou destaque no black metal em 1993 com suas pinturas, foi o Immortal. Que veio da antiga escola com seus spikes e seu war metal, nórdico, com letras voltadas a mitologia nórdica e outros temas.

Immortal

Um das bandas que mais me chamou atenção quando conheci o black metal norueguês foi o Satyricon, especialmente as máscaras de Frost (bateria) e Satyr (vocal). Aliás, um dos clipes, mais legais que já vi, também é deles, a música Mother North, do álbum Nemesis Divina que mostra uma suposta virgem, sendo atraída por duas entidades que depois realizam um ritual satânico com ela, o clipe é tanto considerado por muitos, os dos melhores clipes de black metal da segunda onda, como por outros, que não respeitam o gênero, como um dos piores clipes já feitos, junto ao Call of The Wintermoon do Immortal.

Satyr

Frost

Frost

Em 2008 surge o Gorgoroth e a banda sueca Ghost. O Gorgoroth, Marduk, Dark Funeral, já podem ser considerados a terceira geração do black metal, que tem como o seu maior expoente, o Dimmu Borgir.

Gorgoroth

Ghost

Em 2010 - mais uma banda usando o tal "corpse paint" banda 1349

Como vemos, é uma tendência que já provou que não irá embora tão cedo. Se pegarmos desde os anos 60, até agora, já se passaram mais de 50 anos!!! E o corpse paint segue firme e forte como forma de expressão de artistas e suas respectivas bandas.

Já aconteceram algumas exposições voltadas para o corpse paint e para a cultura do black metal noruguês.

Na internet encontramos alguns ensaios, de devian art, bem interessantes, abaixo algumas fotos:

E para finalizar, uma volta do tempo, com os diferentes corpse paints e suas respectivas bandas, uma breve viagem pelo tempo dos corpse-paints:

Espero que tenham gostado.

Grande abraço!!!