BINGO: O REI DAS MANHÃS


BINGO - O REI DAS MANHÃS


CRÍTICA DO THE INFORMETAL

O filme de Daniel Rezende traz um pouco da história do ator que interpretou por anos, o palhaço Bozo. Arlindo Barreto é o homem por trás da maquiagem, da roupa e do nariz de palhaço que revolucionou o horário infantil na década de 80. O filme é uma transposição aos anos 80, sou suspeito para falar dessa década, porque me traz muitas boas lembranças. Talvez por isso, ver certas coisas que vi ontem no filme, me trazem uma sensação prazerosa de resgate da minha infância e de tudo que vivi naquele período. Desde a fita cassete da marca BASF, até o cobiçado brinquedo Aquaplay, entre outras coisas, o filme resgata também carros, prédios, roupas, mobílias, enfim, uma série de objetos que fazem a gente voltar no tempo, em um simples piscar de olhos.

Antes de falar do filme, vale fazer um destaque ao diretor, que apesar de ter em Bingo - O Rei das Manhãs, seu primeiro longa metragem, já havia trabalhado em filmes conhecidos, como Diários de Motocicleta, aonde foi montador e também Tropa de Elite 1 e 2, Robocop e o premiadíssimo Cidade de Deus.

Para viver Augusto Mendes, Wagner Moura era o favorito, mas Narcos tomou todo seu tempo e ele mesmo Wagner Moura, indicou Vladimir Britcha.

Eu particularmente, gostei da escolha. Muitas pessoas reclamam que hoje no cinema nacional, alguns nomes se repetem demais. Milhem Cortaz, Lázaro Ramos, Wagner Moura, Matheus Nachtergaele, Irandhir Santos e Selton Mello, talvez por essa razão, foi legal ter o Vladimir no papel. Mas o filme também tem a belíssima Leandra Leal, (da qual sou muito fã), ela faz o papel de diretora /produtora do programa. Chata, determinada, crente e principalmente, uma pessoa difícil de ser domada, assim é como ela se apresenta no filme.

Que ainda tem Augusto Madeira como cameraman, Emanuelle Araújo vivendo Gretchen, o saudoso Domingos Montagnier vivendo um palhaço experiente, ao lado de Fernando Sampaio, entre outros atores.

A fotografia do filme ficou a cargo de Lula Carvalho e a trilha, bem...a trilha sonora é um capítulo à parte. Talvez o que mais gostei no filme. Temos Echo & The Bunnymen, Devo, Titãs, Metrô, entre outras bandas e músicas consagradas. 

Mappin nos anos 80

O filme tem tomadas do alto de uma São Paulo dos anos 80, cheia de prédios, escura, evidenciando a noite e consequentemente as noitadas e os excessos do palhaço. Até o antigo Mappin podemos ver no filme. O filme mostra desde o começo, quando ele era pouco conhecido, filmando películas de pornochamchada até a tentativa de entrada na Globo, que no filme é retratada como Mundial, depois tem a entrada dele no SBT, que no filme ao invés de se chamar TVS (antigo nome da emissora de Sílvio Santos), era TVR e depois o filme foca no que as drogas podem causar com uma pessoa que vive à 300km/h, querendo abraçar o mundo, como era a vida de Arlindo naquela época.

Os excessos o fazem se afastar de seu filho, que sofre pela falta de atenção do pai e por não poder contar para ninguém que seu pai é o palhaço mais famoso do Brasil.

Nessa foto temos o outro Bozo Luís Ricardo

O filme tem pouco mais que duas horas, mas a gente fica querendo mais. Senti falta das brincadeiras que eles faziam no programa, apesar de ter algumas cenas, acho que poderia ter tido mais. Talvez se  ao invés do filme, fosse uma série, aí sim, daria para dar mais detalhes de brincadeiras clássicas, como batalha naval e a tradicional corrida de cavalinhos. E também faltou a briga com Luís Ricardo, que existiu e já foi contada pelo próprio, no SBT, em um programa de entrevistas.

Bingo e a sua Vovò Mafalda "genérica"

A personagem que ilustra a Vovó Mafalda, tem pouco destaque, assim como o outro que representa ao meu ver o Papai Papudo. Outro ponto que não gostei, foi o filme por várias vezes tentar disfarçar que não é sobre o Bozo, talvez temendo problemas de direitos autorais com o Bozo original norte-americano. Também não percebi ajuda do SBT, que poderia ter dado um aporte ao filme, mas também, não tenho informações se eles eram contra ou indiferentes ao filme.

Arlindo Barreto

Vladimir convence na pele do palhaço e o filho dele no filme, se parece muito com as fotos antigas que mostram no final do filme, como verdadeiro filho de Arlindo. Aliás, esse lance de colocar as fotos foi bem legal, poderiam ter colocado mais fotos.

Emanuelle e Gretchen
Emanuelle Araújo também está ótima no papel de Gretchen. Inclusive foi aprovada pela própria. Eu sempre brinco com quem é mais novo, ter vivido os anos 80, realmente não era para qualquer um, vocês imaginam hoje em dia, um programa infantil, recebendo uma cantora como a Gretchen, dançando sensualmente e com roupas curtíssimas, entre várias crianças? Não né? Mas vivemos isso nos anos 80. Talvez por essa razão dessa liberdade e dessa falta do mimimi que temos hoje, é o porque de eu e tantos outros que viveram essa época, sentirem tanta saudade. Aliás, o filme tem uma cena, que dá entender, uma certa coisa, mas deixa pra lá, veja o filme e depois comente conosco.


O Bozo foi nos anos 80, um verdadeiro furacão. Produtos licenciados, brinquedos, shampoo e até disco tinha dele.Vejam essa foto abaixo, eu ainda tenho esse disco, em algum lugar aqui em casa.

Disco do Bozo

Outra parte que não posso deixar de falar, é do telefone. Você discava 236-0873 e ficava horas tentando falar com o palhaço. Muitas crianças conseguiram e uma infinidade não. Uma novidade para a época e isso também tem um destaque no filme. O Bozo quebrou diversos paradigmas e mesmo hoje em dia, a gente não conseguindo imaginar um programa infantil desse jeito, não podemos deixar de reconhecer o seu valor.



Então é isso aí meus amigos, assitam Bingo - O Rei das Manhãs. Vocês não irão se arrepender. O filme foi até indicado para representar o Brasil na categoria melhor filme estrangeiro no Oscar. Então não perca tempo e confira e para quem já viu o filme, deixe a sua opinião aqui no The Informetal.

Grande abraço!!!















  

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