Rock In Rio

ROCK IN RIO 1985

 

Se o Woodstock foi para o mundo, o maior festival de música de todos os tempos, para o Brasil e para alguns lugares do mundo também, o Rock In Rio foi esse tipo de festival.
Idealizado por Roberto Medina, empresário bem sucedido, o Rock In Rio se apresentou para o mundo em 1985, com a sua primeira edição, uma arriscada proposta de entreternimento que muitos duvidavam que daria certo, alguns outros, torciam para não dar certo, mais para muitos, o Rock In Tio não foi apenas um sucesso, como um sonho, um sonho que muitos até hoje, não querem saber de acordar.
E é desse festival, que falaremos no post de hoje.

Entrada principal do Rock In Rio 1985

Muitas pessoas quando entraram na cidade do rock em Janeiro de 1985 e viram esse paredão preto, escrito Rock In Rio na cor vermelha, não tinham idéia do tamanho que esse festival viria a ser e também não possuim noção das emoções que viveriam após cruzar esse portal. Tenho certeza que muita gente lembra desse dia, como se fosse ontem. As memórias que ficam depois que você participa de um festival desse porte, são para a vida inteira. Eu particularmente só fui à um festival, o Live In Louder 2, aqui em São Paulo, mas nem considero tanto essa experiência, porque entrei praticamente no final do festival, vi apenas as 3 últimas bandas, mas mesmo assim, senti um pouco, do que muitos sentiram ao assistir o Rock In Rio 85`.

Para tudo ficar pronto para o dia inicial do festival, muitas pessoas trabalharam duro. Inclusive Medina e sua equipe. Negociações com bandas, com fornecedores, com as autoridades locais, manejamento de toda a logística de um festival desse tamanho, enfim uma infinidade de coisas para tornar o sonho possível. Li uma vez, em uma revista antiga da época, que Medina chegou a levar mais de 70 nãos. Isso tudo porque muitas bandas simplesmente não queriam vir para o Brasil, se recusavam mesmo, alegando que o Brasil não tinha uma boa imagem lá fora.

País desorganizado, mals pagadores, entre outras coisas, foram algumas das reclamações, reclamaram até de que não viriam para o Brasil, porque tinha receio de que os brasileiros roubassem os seus equipamentos. Mas depois de muita insistência, a primeira banda finalmente assinaria e o artista que foi o maior responsável por esse pontapé inicial, foi Ozzy Osbourne.

Depois do Ozzy, foi a vez de outro grande grupo assinar e começar a compor esse cast tão privilegiado, que até hoje, é difícil de se repetir, quando pesamos a importância de todas essas bandas: o fora essa segunda banda Queen.
Aliás o Queen foi quem puxou as outras, porque mesmo o Ozzy sendo o primeiro à topar tocar no Rock In Rio, o Queen era a atração principal, a banda mais aguardada e indiretamente, ou diretamente, puxou as outras bandas para o festival, porque as pessoas deviam pensar, poxa, se o Queen topou, vamos topar também. Diríamos que a coisa ficou mais séria, depois que uma banda do tamanho do Queen, ter topado assinar os papéis, gerenciados por Jim Beach.

E foi nessa pegada que depois Scorpions, AC/DC, Iron Maiden entre outras bandas foram dando mais peso e importância à esse festival.

Jim Beach empresário do Queen, quando soube da equipe de Medina, as proporções do palco principal, disse que se fossem os norte-americanos que estivessem prometendo isso à ele, ele daria risadas. Porque muitos não acreditaram logo de cara, nesse projeto "megalomaníaco" de Medina.

Outro fato interessante dessa fase foi o fato do Whitesnake ter entrado no lugar de outra banda, que teve que desistir em cima da hora por causa de um acidente com um dos seus músicos. A banda que desistiu era nada mais nada menos que o Def Leppard. Seu baterista sofreu um acidente e teve o braço amputado semanas antes do festival;

O U2 foi outra banda grande, que chegou a ser cotada para o festival, mas a equipe de Medina, ouviu tanta coisa ruim dos empresários da banda irlandesa, que desistiram de insistir na vinda deles para o Brasil.

O cast das bandas mais importantes do festival ficou:
Obs: Eu vou dar ênfase maior para as bandas de rock, nesse post.

QUEEN - IRON MAIDEN - OZZY OSBOURNE - SCORPIONS - AC/DC - WHITESNAKE - ROD STEWART - NINA HAGEN

Bandas Nacionais ou artistas internacionais que não são necessariamente do rock:
Ney Matogrosso, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Barão Vermelho, James Taylor, B-52'S, Ivan Lins, Pepeu Gomes, Rita Lee entre outros.

Seriam 6 dias de muita música, muitos estilos distintos como podemos ver na figura abaixo:

Esse era um papel da programação dos shows desse festival

Vocês podem verificar que o grande erro dessa programação foi colocar artistas de outros estilos musicais, nos dias em que predominava bandas de som pesado. Os headbangers, que a TV Globo deu o nome vulgar de "metaleiros" não aceitavam isso, ou talvez, encaravam isso como uma espécie de afronta.

Então o que se sucedeu foram diversas manifestações de repulsa aos artistas que não tocavam hard rock, ou metal. Sofreram nas mãos dos bangers artistas como: Eduardo Dusek, Ney Matogrosso, o grupo Kid Abelha, o antigo amigo de Roberto Carlos: Erasmo Carlos, entre outros, esses foram apenas alguns dos artistas que levaram chuva de copos, garrafas com urina entre outras coisas mais dos headbangers. Em uma entrevista, Eduardo Dusek disse que não culpava os bangers pelo acontecido e sim quem fez a programação de colocar estilos diferentes no mesmo dia.

E o pior de tudo é que esse tipo de problema foi reocorrente, vou lhes mostrar porque.
No Rock In Rio 3, fãs do Guns N' Roses lançaram diversas garrafas de água em direção ao cantor baiano Carlinhos Brown, provando que o erro mais uma vez fora cometido.


Carlinhos Brown sofrendo com os fàs do Guns N' Roses




As exigências dos artistas era outro grande problema que Medina tinha que encarar.
Dizem que em uma apresentação de Rod Stewart, (faltando poucos minutos para o show começar), ele solicitou 70 tolhas brancas. A equipe da organização de dentro do backstage teve que sair pelas ruas cariocas e ir em tudo que é motel do Rio de Janeiro procurando as tais toalhas brancas que ele solicitou.

PÚBLICO

O público foi a grande estrela desse festival. Por diversos motivos. Hoje, vendo as fotos da época é muito interessante ver o perfil das pessoas que iam ao festival, as roupas que vestiam, os acessórios, o comportamento, enfim, tudo que se via no movimento da massa, era muito legal de ser ver.



Muitos com óculos com a palavra rock desfilavam pelas áreas do festival.




Muitos também se vestiam ainda embalados pelo estilo New Wave:


Essa foto acima é de um barzinho que se localiza dentro da área destinada ao comércio do festival.
O público podia comprar refrigerantes, salgados e algumas outras coisas dentro do próprio lugar.


Agora voltando a vestimenta, acho que o único visual que não mudava muito era dos bangers.
Nos dias que tinham a maioria das bandas de rock e metal, uma multidão de preto invadia a área destinada ao festival.
Um jornalista certa vez disse que acreditava numa teoria de que nem os bangers, sabiam que eles eram tão numerosos. Isso se justifica porque o Brasil vivia uma cena muito diferente da que temos hoje. Eram raras as bandas que vinham para cá e quando vinham, era uma distante de meses das outras e quando voltavam, demoravam mais anos ainda para vir. Por isso, o público brasileiro era sim, muito carente de um festival assim.



Nos EUA e na Inglaterra principalmente já existiam grandes festivais, as pessoas lá não se espantavam tanto, em ver um Queen, já aqui, era como se fosse o evento do século.


Por isso, quando eles próprios se viram, tão numerosos, sentiram-se também, poderosos, porque em comparação com as outras tribos, eles eram "esmagadoramente" maiores.



Houveram também aquela turma mais ousada, algumas garotas fizeram topless no festival, algo muito comum também em alguns festivais da Europa, ou até quem sabe algum tipo de homenagem à outro grande festival, o Woodstock.


O público cantando as canções de suas bandas favoritas, provocava um efeito avassalador, muitos dos artistas que ali estavam, nunca tinham tido um público tão grande.
Principalmente as bandas nacionais, creio até que alguns deles, se intimidaram ao ver aquele mar de gente prontos para aplaudir, ou vaiar.


Mas nenhum dos shows foi tão lembrado com o o show do Queen. Principalmente pela especial participação do público em uma das músicas executadas pelo grupo.
Em Love Of My Life, canção que Freddie Mercury fez para a sua companheira de muitos anos Mary, as pessoas cantaram boa parte da música, fazendo a banda e o próprio Freedie ficarem impressionados com tamanha devoção que o público os acompanhara.



O vídeo do link abaixo, mostra como foi esse momento mágico do Rock In Rio 1985 que é lembrado até hoje nas outras versões do Rock in Rio

Link: http://www.youtube.com/watch?v=kb8fIZAxtXo 


SHOW DO QUEEN

O show do Queen, foi um show à parte.
Antes de falar qualquer coisa, vejam o set:

01.Tie Your Mother Down
02.Seven Seas Of Rhye
03.Keep Yourself Alive
04.Liar
05.It's A Hard Life
06.Now I'm Here
07.Is This The World We Created?
08.Love Of My Life
09.Brighton Rock
10.Hammer To Fall
11.Bohemian Rhapsody
12.Radio Ga Ga
13.I Want To Break Free
14.We Will Rock You
15.We Are The Champions
16.God Save The Queen

Não tinha tempo para parar, era uma música melhor que a outra, uma seguida da outra.
Show sensacional, esses atrás eu assisti ao show em dvd, eu tinha comprado o dvd mais ainda não tinha parado para ver com calma, meu, que show foi esse!!!
Eles tocaram até algumas músicas que eu não costumo ver o Queen tocar em outros países, como Keep Yourself Alive, Liar e It's A Hard Life, (me corrijam fãs da banda, mais antigos do que eu caso eu esteja falando alguma besteira).

Freedie Mercury tinha o público na mão e apesar das "patadas" que ele deu em alguns jornalistas, ele com o público, foi muito cordial.

A jornalista global, Glória Maria, foi uma das que entrevistou ele e que foi de certa forma, ironizada por ele, enquanto fazia algumas perguntas:



Eu sou suspeito para falar do Queen, é a banda que mais amo no rock. Tenho o Queen, como a maior banda de rock de todos os tempos, então mesmo sabendo dos caprichos que Freedie tinha, não consigo ficar com raiva ou deixar de admirá-los, em especial o Freddie, por ele se comportar muitas vezes como um semi-deus. O Queen foi muito grande e até hoje é. Por isso muita gente se incomoda com o fato de eles na época em que Freedie ainda era vivo, andarem em carros separados, casa um na sua limusine, porque a banda era muita pompa sim, o Queen nunca foi uma banda de tocar em lugares pequenos, já começou mesmo nova tocando em grandes anfiteatros, então se você chama o Queen para um festival como o Rock In Rio de 1985 e lhe paga um cachê que dizem ter sido de 600 mil doláres, é óbvio que essa banda vai se comportar como megastars.


Para mim a apresentação da banda foi perfeita. Digna de ficar marcado para sempre na história dos grandes festivais do mundo. O próprio Queen afirmou que a apresentação de 1985 estava entra as maiores que eles já fizeram e olha que eles já fizeram muitos shows.


O palco também tinha uma estrutura como poucos shows até esse, já tinha passado pelo nosso país.
Muitas luzes, efeitos de gelo seco e outras coisas, que hoje podem parecer fracos, mas que na época, era novidade.

Vejam essas fotos abaixo:


IRON MAIDEN


Sem sombras de dúvidas, mesmo sabendo que Scorpions tocou no festival, que AC/DC, Ozzy, Whitesnake também tocaram nesse festival, o segundo grande show depois do Queen foi da Donzela de Ferro.

A banda estava passando pelo mundo com a turnê Slavery World Tour e com o álbum Powerslave como grande álbum do momento.
Veja abaixo o set list matador desse showzaço de 1985.

Set List:

Aces High
2 Minutes to Midnight
The Trooper
Revelations
Flight of Icarus
Rime of the Ancient Mariner
Powerslave
Guitar Solo
The Number of the Beast
Hallowed Be Thy Name
Iron Maiden

BIS:

Run to the Hills
Running Free
Sanctuary 

Algumas pessoas classificam essa apresentação como "atrapalhada", agora pergunta para os fãs se os problemas que aconteceram durante a apresentação da banda, se prejudicaram em alguma coisa, a curtição que eles tiveram em ver esse show???

Imagina a sequência, Fligh Of Icaus, Rime of the Ancient Mariner e depois Powerslave???

Simplesmente sensacional!!! Além de outros momentos mágicos.

Bruce Dickinson também nesse show, se machucou com o microfone durante a faixa Revelations, como podemos ver na foto abaixo (disseram que ele também estava muito gripado nesse dia):

Bruce sangrando...

Depois dessa edição de 1985, o Iron faria outras apresentações nas outras versões do Rock In Rio, mas talvez tirando essa que muitos consideram lendária, por ser a primeira apresentação e tals, eu destacaria a apresentação que também virou dvd, do Rock In Rio III.

O festival sempre foi marcado por grandes momentos, na edição III, para mim foi o momento que Bruce sobe em cima do carrinho da câmera durante Fear Of The Dark, já nessa edição de 1985, com certeza um dos momentos mais marcantes, foi esse da foto acima, que ele se machuca, não percebe e continua cantando sangrando, para delírio dos headbangers que prestigiavam a apresentação da Donzela de Ferro.

Maiores informações desse show no Blog Minuto HM
Nesse link, o blogueiro detalha cada momento do show, vale apena ver, belo trabalho do autor da página:

Link: http://minutohm.com/2011/08/28/iron-maiden-no-rock-in-rio-1-1985-o-historico-e-atrapalhado-show/



ROCK IN RIO também tinha muita lama, como Woodstock...


Uma semana antes de começar o Rock in Rio, em 1985, uma paranóia aterrisou na capital fluminense, essa besteira toda, dizia que a cidade muito provavelmente iria entrar em colapso com o festival, e tudo iria parar. André Midani, executivo da indústria fonográfica, me convidou para almoçar uma semana antes do evento para conversarmos sobre os artistas da gravadora que ele presidia (a Warner) e que viriam ao Brasil, mas não se falou em outra coisa na mesa: engarrafamentos, alternativas aéreas de helicóptero, Rio parado. Caos.

O que ninguém previu --nem mesmo a meteorologia-- foi o lamaçal que tomou conta da Cidade do Rock. E, para alguns, foi uma espécie de "plus" do festival. Tanto que havia flanelinhas perto de hotéis vendendo terra em sacos plásticos garantindo que era a "legítima lama do Rock in Rio".

Alguns números do Rock in Rio

10 dias de festival
1 milhão e 600 mil litros de bebidas
4 milhões de copos
900 mil sanduíches vendidos
7 mil e 500 quilos de macarrão
500 mil fatias de pizza
800 quilos de gel para cabelo
58 mil hamburgures vendidos em um só dia no McDonald's
1 milhão e 900 camisetas do festival

Numa entrevista, Brian May, o lendário guitarrista do Queen, me disse: "Sabemos que o Brasil é um país tropical e, em março de 1981, quando fomos proibidos de tocar no Maracanã [pelo então governador Chagas Freitas], choveu também. A chuva faz parte da paisagem de países tropicais e estamos preparados para isso".

Nina Hagen também disse aos jornalistas que "se chover vai ser melhor para todo mundo, vai aliviar o calor". Chris Squire, do Yes, durante uma feijoada, era só sorrisos e me disse: "A gente já tocou até debaixo de raios. Não vai ser uma chuvinha de verão no Rio que vai tirar a nossa empolgação de tocar aqui".

E de 11 a 20 de janeiro choveu pesado. Assim como em Woodstock, em 1969, a lama virou um ícone. Tanto que quando o empresário Roberto Medina --que não gostou do lamaçal-- resolveu as questões de drenagem nas outras edições do Rock in Rio, teve gente reclamando e pedindo a lama de volta. Até hoje.

O Rock in Rio de 1985 foi realizado num terreno de 250 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, na divisa com o bairro de Jacarepaguá, e contava com o maior palco do mundo já construído até então: com cinco mil metros quadrados de área, além de dois enormes fast foods, shopping com 50 lojas, dois centros de atendimento médico e uma grande infra-estrutura para atender a quase 1,5 milhão de pessoas --o equivalente a três Woodstocks.

Pior do que lama, chuva e confusão do trânsito, foi o ataque do então governador do Estado do Rio, Leonel Brizola, que anunciou, em plena época do festival, que iria demolir a Cidade do Rock assim que terminasse o evento. Muita gente achou que era piada. Mas não era.

*Luiz Antonio Mello é jornalista, radialista e escritor. Foi fundador da Rádio Fluminense FM, a "Maldita", no início dos anos 80. Trabalhou no "Jornal do Brasil", "Rádio Jornal do Brasil", "Estado de S. Paulo", "Pasquim", nas revistas "Somtrês" e "Roll", entre outras. Atualmente dirige o programa de TV "Café Paris" e mantém o blog "Coluna do LAM" sobre política, jornalismo, música e universo pop

Fonte: UOL

FOTOS


Scorpions











BANDAS NACIONAIS

Das bandas nacionais, a que mais se destacou na minha opinião, pelo que li, pelo que assisti de vídeos antigos, foi o Barão Vermelho, liderados por Cazuza.

O Brasil acabava de sair de um processo de Ditadura Militar, elegia Tancredo Neves que logo depois veio à falecer e Cazuza não esqueceu desse momento de renovação que o país estava passando e além de agitar muito a galera, soltou algumas frases de efeito incentivando os jovens à fazerem um país melhor, com uma galera motivada em ver as coisas de maneira diferente e fazer também as coisas de uma maneira diferente.

O show do Barão é lembrado inclusive no filme que conta a vida de Cazuza.


Cazuza no Rock In Rio 1985


























































Comentários

Postagens mais acessadas

A HISTÓRIA DO CORPSE PAINT

Hard Rock Anos 80

UM FURACAO CHAMADO AXL ROSE