2 FILMES QUE CONTA HISTÓRIAS DO MUNDO HARD & HEAVY QUE ESTÃO DANDO O QUE FALAR


2 FILMES QUE CONTAM HISTÓRIAS DO MUNDO HARD & HEAVY QUE ESTÃO DANDO O QUE FALAR!!!





THE DIRT (2019)

The Dirt (2019)

Sexta-Feira eu assisti o lançamento da Netflix, The Dirt, filme que faz um apanhado de alguns acontecimentos da banda de hard rock norte-americana: Motley Crüe.

O filme já começa mergulhando o espectador na cena rock dos anos 80, especialmente na Sunset Strip, avenida que ficou famosa pelos bares aonde se apresentaram boa parte das bandas mais conhecidas do gênero. E que para boa parte do mundo, ficou conhecido como glam metal.

Dirigido por Jeff Tremaine, The Dirt faz jus ao título de sexo, drogas e rock and roll. Aliás, para mim, existem bandas que caracterizam bem esses elementos e sem sombra de dúvidas, o Motley Crüe é uma dessas. Além de fazer tudo no limite, eles gostavam de "causar" e deram muito trabalho para os empresários, por agirem como adolescentes irresponsáveis, só que com grana para potencializar toda essa loucura.

No elenco Iwan Rheon faz o papel de Mick Mars, Colson Baker ou Machine Gun Kelly (nome artístico do rapper que faz o papel do batera da banda), Tommy Lee, Daniel Webber, atua como Vince Neil e Douglas Booth faz o polêmico Nikki Sixx.

O filme dá dicas de que algumas coisas, não seriam exatamente como aconteceram, mas a essência dos fatos, foi retratada no filme. Temos o acidente de Vince, a sua prisão, o uso excessivo de drogas de Nikki, as relações amorosas desastradas de Tommy e o drama família de Vince, que ao meu ver, não foi retratado da maneira correta.

Tommy Lee no filme vivido por Colson Baker

O filme se analisarmos ele, pelos olhos de um crítico de cinema, é uma verdadeira bagunça. Mas as apresentações, a recriação daquele ambiente na Sunset Strip nos anos 80, os carros, as roupas, as baladas, tudo isso é muito bem feito, afinal, norte-americanos nesse tipo de coisa, sempre capricham muito.

Essa cena é engraçada

Na minha opinião é difícil demais contar a história de uma banda que está na estrada a tanto tempo. Atuou de 1981 à 2000 e depois de 2004 à 2015, por isso, uma série seria melhor, detalharia mais alguns acontecimentos que num filme de 1 hora e 47 minutos. Destaque para a cena que mostra a primeira vez que Nikki apagou com o uso excessivo de drogas.


Motley Crüe no filme

Mas, entre perdas e ganhos, é uma boa experiência. A banda não proibiu nada até aonde sei e cenas de sexo e drogas e elas são bem explícitas e podem causar um certo choque em quem não está acostumado com esse tipo de filme.

Aliás, as cenas de sexo estão por toda parte nos fazendo pensar que para a banda, não tinha lugar, tempo ruim, ou qualquer outro impedimento, se a mulher quisesse, eles iam para cima mesmo, não respeitando nem as mulheres de amigos ou de empresários. O que penso que na verdade aconteceu mesmo, mais isso com certeza, vai despertar a ira das feministas de plantão. Pareciam cachorros no cio, literalmente.

Acredito que se um dia fizerem um filme do Manowar, esse assunto de sexo, não será muito diferente, se retratado.

Motley Crüe

A atuação dos atores estão muito boas, só não gostei do choro de Vince, quando a banda se reúne novamente, depois de um tempo separados, achei patético.

O ator que faz o papel de Tommy Lee e que é rapper na vida real, ele parece muito bobo no filme, não creio que o Tommy Lee de verdade, era tão bobo assim quando jovem, ficou bastante caricato.

De todos, o que mais gostei da atuação foi Iwan Rheon, que fez o papel do perverso Ramsay, ele fez muito bem o papel de Mick Mars e para mim, um dos personagens mais cativantes do filme.

O filme passa rápido e gosto quando filmes me deixam preso a história, a ponto de esquecer do tempo. Entretenimento e bons momentos, pode não ser o melhor filme de história de uma banda de rock, mas também está longe de ser o pior, recomendo!!!
 

Minha Nota: 7.3


LORDS OF CHAOS (2019)

Lords Of Chaos (2019)

O filme que vou comentar agora, como podemos ver na imagem acima, é bem diferente até na foto que escolhi, para ilustrar o título. É extremamente mais pesado que o que acabei de comentar. É justamente o o oposto em todos os sentidos. Enquanto The Dirt, mostra um cantinho dos EUA ensolarado, cheio de bares, aquele clima de lugar de praia, garotas com roupas curtas, músicas que celebram o rock and roll, festas, alegria, sexo, etc.

Lords of Chaos mostra uma Noruega cinzenta, fria, com adolescentes deprimidos, mais apaixonados por rock and roll, mas com bandas que possuem letras profanas, que fazem ataques ao Cristianismo, a Igreja Católica entre outras coisas.

Rory Culkin como Euronymous

O filme começa na casa de Euronymous, seu nome não artístico Oisten Aarseth, que mais tarde viria a se tornar líder da banda Mayhem e no filme é interpretado pelo ator Rory Culkin, que é irmão do ator Macaulay Culkin. No filme também tem o filho do Val Kilmer, que interpreta o papel de Per Yngve Olin.

Mas voltando a história:

Euronymous foi responsável por iniciar a Segunda Onda do Verdadeiro Black Metal Norueguês. O filme mostra um Euronymous centrado em tentar fazer a sua banda acontecer e em pouco tempo, vemos uma evolução, principalmente quando ele abra a loja Helvete (Inferno) aonde vende discos da cena black metal e de outras bandas que não necessariamente tocavam black metal.

Euronymous e Dead no filme

Mais um pouco antes disso, Euronymous coloca um anúncio nos jornais e chega até Dead. Dead morava em Estocolmo e tocava numa banda chamada Morbid, mas após ver o anúncio de Euronymous, ele foi para a Noruega para assumir os vocais do Mayhem.

Dead mandou uma carta com um porquinho da Índia em estado de decomposição, isso chamou a atenção de Euronymous, que prontamente, o aceitou na banda. Esse acontecimento, vemos no filme.

Necrobutcher, outro músico da banda, certa vez afirmou que Dead fazia um corpse paint bem diferente dos que vimos antes dele, em bandas como Alice Cooper ou KISS. Ele queria chocar, queria parecer um morto vivo. Hellhammer foi além, disse que Dead foi o primeiro músico de black metal a usar corpse paint.

Dead também enterrava suas roupas e as removia de buracos embaixo da terra, no dia do show, para segundo ele, fazer o show sentindo o cheiro da morte.

We are Lords of Chaos!!!

Ele também se cortava, com facas e pedaços de vidro quebrados, o que tranformava qualquer apresentação do Mayhem em algo muito violento, bizarro e lendário.

Cabeças de porcos e ovelhas eram comuns também nas apresentações do Mayhem. Dead empalava essas peças, que ficavam bem visíveis na frente do palco.

Em depoimentos de integrantes da banda, diferente do que mostra o filme, as brigas entre Dead e Euronymous, eram constantes. Certa vez Euronymous teria dado tiros com espingarda para o céu, para assustar Dead e esse, segundo Varg Vikernes, teria esfaqueado certa vez, o companheiro de banda Euronymous.

No dia 8 de Abril de 1991, essa parceria que começou em 1988, chegou ao fim. Não é segredo para ninguém que conhece um pouco a história do Mayhem, que...

ALERTA DE SPOILERS!!!

Sim, Dead se matou. Euronymous o encontrou com os pulsos cortados e com um tiro de espingarda na cabeça.

Stian "Occultus" Johanssen disse certa vez, que Dead sabia que ia morrer e que ele não se via como alguém desse mundo.

Já Necrobutcher disse que ficou chocado ao ver a maneira como Euronymous tratou da morte do companheiro de banda e disse que se ele, não sumisse com as fotos que tirou de Dead morto, ele nunca mais voltaria para a banda.

O fato é que Euronymous usou bastante essa história de tirar a foto e fazer a capa do cd e isso catapultou o Mayhem para a fama de banda mais sinistra de todos os tempos.

Logo depois da morte de Dead, que ao meu ver no filme, poderia ter sido mostrada de maneira mais dramática e mais demorada, veio o Inner Circle.

O Inner Circle (que não é aquela banda jamaicana) foi um movimento anti-cristão que foi construído por membros de algumas bandas daquela época. E o Mayhem era uma delas.

No filme, vemos uma organização bem pequena e com poucos membros. Dizem que na vida real, tinham mais membros de mais bandas.

Eles celebrando a queima de mais uma igreja...

E sim, os incêndios em igrejas aconteceram. E conseguiram destruir algumas igrejas muito antigas, o que para eles era uma espécie de troféu.

No filme essa parte da queima de igrejas é bem retratado. Inclusive os incêndios e as igrejas que mostram no filme, nos passam um grau de realidade muito grande.

Mas o grande lance do filme, é a relação tumultuada, recheada de inveja e ódio, entre Euronymous e Varg Vikernes.

Varg pede ajuda para Euronymous para lançar o disco de sua banda Burzum. E no filme, vemos um Euronymous que incita Varg a incendiar igrejas e o incentiva com o álbum do Burzum, mas que no fundo, estaria usando o músico, para dar andamento a sua banda, o Mayhem.


Emory Cohen - Varg "Kristian" Vikernes

No filme também vemos um Euronymous com inveja da ascenção de Varg, mostra até um Varg que levava muitas fãs para a cama enquanto Euronymous não aceitava que um cara que veio depois dele, pudesse estar fazendo mais sucesso que ele.

O que mais tem é versões na internet e em documentários sobre a relação dos dois, o que de realmente concreto aconteceu é que na noite de 10 de Agosto de 1993, Varg viajou até Oslo, saindo de Bergen com seu colega Snorre Ruck, percorreram 518km e chegaram ao apartamento de Euronymous, segundo Varg, ele queria entregar o contrato que Euronymous teria mandado para ele assinar. Depois de um desentendimento, ele teria desferido 3 golpes em Euronymous, sendo o último na cabeça e vitimando o fundador do Mayhem e o dono da loja Helvete.

Dead
No filme a cena da morte de Euronymous foi muito criticada. Primeiro, porque no filme, temos uma cena que antecede a morte, aonde uma suposta namorada dele, interpretada por Sky Ferreira (Ann Marit) teria cortado o cabelo de Euronymous. Varg diz que isso é mentira, que no dia que matou o líder do Mayhem, ele ainda fazia uso de cabelos longos.

Outro fato curioso do filme é que enquanto Euronymous sofre com as facadas que Varg deu nele, ele Varg prepara um achocolatado, o que segundo versões da internet, também não aconteceu.

Varg disse em entrevista que acreditava que Euronymous era homossexual. Que nunca existiu uma suposta namorada, como a personagem de Sky Ferreira, que vemos na foto abaixo, seduzindo Euronymous e Varg, com um strip tease.


Sky Ferreira vive Ann-Marit

Em entrevista ao Metal Injection, o diretor do filme Jonas Akerlund, que foi baterista da banda Bathory, disse que sempre pensou no filme, com as músicas do Mayhem e foi com os pais de Euronymous que ele conseguiu autorização. O filho de um dos membros do Mayhem, Atila Csihar, participa do filme e segundo o diretor, ele também conversou com Anders, irmão de Dead, conversou com Necrobutcher e com Hellhamer. Todos estavam muito envolvidos, disse o diretor.


Cena do clipe do Metallica

Ao perguntarem sobre a irritação de Varg, ele disse que vê com naturalidade, que entende que Varg poderia ficar chateado, mas que o que ele conta no filme, não foge muito do que Varg já teria dito em dezenas de entrevista que ele já deu. E o diretor vai além, diz que talvez Varg foi o personagem que viveu a história que mais falou sobre tudo que aconteceu naquela época.

Em outra entrevista o diretor disse que na época, viu que aqueles incêndios de igrejas, tinha um enredo sombrio e pensou que poderia escrever um roteiro para um filme tentando humanizar um pouco esses garotos, que para o mundo, ficaram conhecidos como uma espécie de senhores do mal.
Foi aí que pesquisou diversos livros, documentários e fotos, para fazer o filme.

E para algumas pessoas mais observadoras, foi claro perceber que o clipe da banda Metallica, ManUNKind, tem cenas que foram aproveitadas no filme, principalmente quando mostram algumas das lendárias apresentações de Dead. Sim e isso aconteceu porque quem dirigiu o clipe, foi Jonas Akerlund, o mesmo diretor do filme.

Inclusive, acho que poderiam ter explorado mais essas apresentações, justamente, por não termos registros em vídeo delas. Sempre tive curiosidade de saber como eram essas apresentações do Mayhem de 1988 até 1991 e o filme deu uma pequena amostra, que fez com que meu imaginário, viajasse longe, uma grande pena, que foi bem curto. Mais uma vez digo, teria que ter sido maior, mesmo sabendo que na realidade a passagem do Dead pela banda foi muito curta, se o diretor estendesse um pouquinho mais, acredito que ficaria ainda mais legal.

Skarsgard como Faust
Valter Skarsgard fez o papel de Faust, a cena com o homossexual me impressionou tanto quanto a morte de Dead. Já a aparição de um cara que é muito importante para a cena, que é o Gylve "Fenriz" Nagell da banda Darkthrone, foi quase imperceptível, quem o interpretou no filme, foi o ator Andrew Lavelle.

Outra coisa que senti falta, foi dos membros do Satyricon (uma das poucas bandas do gênero que sou fã). Pois segundo o que apurei eles também participaram do Inner Circle, mas entendo que seria difícil para o diretor fazer todos os principais nomes aparecer.

Lords of Chaos teve ao meu ver, a mesma dificuldade que Bohemian Rhapsody, filme que já falei aqui no blog, por ter muitas histórias para contar e pouco mais de 1 hora e 40 para contar todas essas histórias. Na minha humilde opinião, Lords of Chaos e Bohemian Rhapsody poderiam tranquilamente terem virado séries. No formato de série sim, muitas coisas poderiam ser melhor esmiuçadas e detalhadas.

Aliás, acho que esse lance de fazer filme, contando história de bandas e de músicos, vai pegar e espero que saiam no futuro filmes de bandas como Motörhead, Guns N' Roses e Led Zeppelin.

Uma coisa que já ia esquecendo de falar e que é importante para a resenha. O filme foi baseado no livro que deixo uma foto abaixo, de Michael Moynthan e Didrik Soderlind.

Livro que baseou o filme


Para quem curte metal e especialmente black metal, como eu, esse filme é obrigatório. Mas se você quer ver algo mais documental, recomendo o filme Until The Light Takes Us ou outro, esse segundo eu não vi: Once Upon a Time in Norway.

Imagens da capa dos dvds, abaixo:

Until the Light Takes Us

Once Upon A Time in Norway


E uma última curiosidade, essa cena que vemos no teaser do filme, que mostra Dead ainda criança, quase morrendo, não lembro de ter visto no filme, acho que ficou apenas para o teaser mesmo.


Dead criança
Minha Nota: 8.7
















































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